“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” 1 Timóteo 4.16 (ARA)
Eu me lembro do dia quando meu falecido avô, que viveu a maior parte de sua vida em ambiente rural, me ensinou a forma mais eficaz de combater as formigas.
Como o próprio autor de Provérbios nos informa, esses são animais formidáveis que têm importantes lições a nos ensinar (Pv 6.6). Embora pequenas, revelam-se altamente ordenadas e fortes. São ágeis e valentes, em um pequeno ataque ao formigueiro, elas rapidamente agem em proteção ao coletivo.
Mas, para esquivar e evadir a habilidade desse animal, ainda ouço aquela voz sábia de meu avô, “para vencer e matar um formigueiro, coloque doce no veneno e deixe próximo, pois elas mesmas o levarão para o interior do formigueiro. Com, isso, todas elas, inclusive as mais fortes e principalmente a rainha, morrerão.” Isso me intrigou o bastante para não mais esquecer. Embora sejam animais exemplares, citadas por Salomão, elas não distinguem o veneno do alimento.
Pensar sobre a importância da Bíblia e de seu ensino puro e genuíno me fez recordar essa lição do formigueiro. A Igreja é um organismo vivo e que recebeu de Jesus armas espirituais perfeitamente forjadas que a capacita principalmente para resistir e vencer ataques externos.
A Bíblia claramente nos apresenta o principal ofensor da Igreja, que é o próprio Satanás. Em suas estratégias contra os planos divinos, percebemos que o mais eficaz ataque maligno não é o confronto, mas a sedução. Desde os primeiros relatos bíblicos, na Criação, lá estava ele, citando a própria palavra divina, mas para enganar e seduzir Eva a desobedecer uma ordem de Deus. (Gn 3.1-5).
Em toda a Bíblia percebemos essa evidente estratégia satânica, foi assim até mesmo com o próprio Jesus. Na tentativa de desvirtuar o Filho de Deus de Sua identidade e a missão redentora, o tentador utilizou-se de textos bíblicos, mas infiltrando na prática desses sua visão rebelde. (Mt 4.3-10)
Os emissários dessa artimanha geralmente são os falsos profetas, falsos mestres e líderes religiosos como os fariseus, que com suas falsas doutrinas, tentam contaminar e envenenar totalmente a verdadeira e sã doutrina.
“Preveniu-os Jesus, dizendo: Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus.” (Mc 8.15)
“Um pouco de fermento leveda toda a massa.” (Gl 5.9)
A primeira conclusão que podemos chegar aqui é que o inimigo sabe muito bem onde atacar na tentativa de ruir a obra e a Igreja de Jesus: a Integridade da Palavra de Deus. Pois a Palavra é o alicerce para nos manter firmes na estrutura e fundamento divino, na prosperidade da vontade de Deus. (Mt 7.24)
No decorrer da história da Bíblia, a Palavra foi diretamente atacada, sendo proibida e até mesmo lançanda em fogueiras. Mas percebemos que a investida mais hostil e nociva não é a censura, e sim a deformação de sua verdadeira doutrina.
Pôr em xeque a certeza de Sua inspiração divina gerou interpretações adversas com intuito de desfazer a autoridade e o caráter sobrenatural de Sua aplicação. E isso infelizmente ocorreu até mesmo no interior de instituições que deveriam defender a supremacia bíblica a qualquer custo.
Escrita por cerca de 40 autores, de diferentes e variadas regiões, culturas, costumes e profissões, num período de aproximadamente 1.600 anos, a Bíblia é completa e coerente em Sua mensagem. Paulo afirma a Timóteo que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção.” (2 Tm 3.16). Em sua totalidade ela é a Palavra de Deus, e não há espaço para uma frase ou um morfema sequer que não seja de total inspiração divina.
Como atesta Gleason L. Archer: “A Bíblia é o único livro que se apresenta como a revelação escrita do único Deus verdadeiro, visando à salvação do homem, e que demonstra Sua autoridade divina por meio de muitas provas infalíveis.”
Aceitar a totalidade do senhorio de Cristo em nossa vida é o mesmo que aceitar a totalidade do senhorio de Sua Palavra.
Pelo fato de que os falsos mestres e fariseus ainda se mantêm vivos e operantes atualmente, faz-se necessário que todo cristão conheça não sobre a Bíblia como um livro, mas sim a Sua verdadeira essência desprovida de deduções e ensinos humanos.
Jesus admitiu que compreender a vontade de Deus utilizando-se de pensamentos puramente humanos geram conclusões e atitudes ditas satânicas: “Para trás de mim, Satanás! (…) não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens” (Mt 16.23)
O apelo do apóstolo Paulo transcende várias gerações e se faz ouvir ainda hoje: “Mantenha o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus.” (2 Tm 1.13) “Pois há aqueles que ensinam falsas doutrinas e não concordam com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com a teologia que é segundo a piedade,” (1 Tm 6.3) “Rogo-vos, queridos irmãos, que tomem muito cuidado com aqueles que causam divisões e levantam obstáculos à doutrina que aprendestes. Afastai-vos deles!” (Rm 16.17)
Como Igreja, devemos ter o cuidado demasiado em não aceitar ensinos que depreciam o caráter e a autoridade bíblica. Qualquer contaminação a sã doutrina torna-se um mortal veneno. A vida agradável a Deus também deve abranger um rigoroso critério com o que estamos nos alimentando.
Mas graças a Deus que, para isso, não estamos desorientados nem abandonados, pois podemos contar com a ajuda de verdadeiros pastores e mestres dados por Deus. E principalmente, podemos contar com o auxílio do Espírito Santo, o Espírito da Verdade que nos direcionará a toda a verdade. (Jo 16.13)
Então, busque alimentar-se da verdade que há nas Escrituras, sem mistura e sem engano. Pois a Palavra de Deus é o verdadeiro alimento que nos fortalece, transforma e nos traz a verdadeira vida de liberdade em Cristo. O genuíno ensino de Jesus nos autoriza a sermos livres!
Viva hoje uma vida plena no poder da Palavra de Deus!
Grande abraço,
Bernardo Valle
Professor do ST Carisma Rio.