O PREÇO DO DISCIPULADO


“Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” Lucas 14.33 (NVI)

Discipulado é um estilo de vida e Jesus é, para nós, um dos maiores exemplos dessa forma de viver. Exemplo não somente de viver intensamente um relacionamento com o Pai, mas também com o próximo. Ele foi um exemplo do que é renunciar suas próprias vontades para viver de forma plena a vontade de Deus para sua vida. E para alcançar isso existe um preço, o preço de uma vida totalmente dedicada à renúncia.

Em um mundo onde tudo gira em torno do “eu”, onde muitos dizem: proteja-se, promova-se, preserve-se, divirta-se, conforte-se, cuide-se. Jesus, porém, diz: “mate seu próprio eu”.

O chamado inicial para caminhar com Cristo é um convite inevitável para morrer para si e viver para Ele. Pois Ele diz: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me.” (Lc 9.23)

É necessário que estejamos dispostos a pagar qualquer preço, não importa o quanto custe, qualquer preço vale Seu sorriso e Sua presença. Quando compreendemos isso acima de tudo, nossa razão para viver muda. Posses e status não são mais nossas prioridades, conforto e estabilidade não são mais nossas preocupações, segurança não é mais o nosso objetivo, porque o ego não é mais o nosso Deus.

O caminho para viver o propósito de Deus no discipulado chama-se renúncia!

A renúncia na vida cristã nos aproxima de Deus e nos torna um exemplo para todos os que desejam o mesmo estilo de vida. Discipulado que não tem renúncia, e não promove relacionamento diário com Deus e com o próximo é fajuto e mentiroso, pode ser tudo, menos o discipulado bíblico.

O preço do discipulado é entregar-se por completo. Se desejamos o tudo de Deus, precisamos dar também nosso tudo. Não podemos exigir a plenitude da promessa, se não nos entregarmos por inteiro.

Quando falamos sobre renúncia é impossível não falar sobre o ato diário de carregar a nossa cruz, o que não deve ser entendido como um peso. A ideia de “carregar a cruz”, para ser mais bem compreendida, deve ser vista dentro da cultura onde estava inserida.

A crucificação era um ato de punição do Império Romano a uma pessoa sentenciada à morte. Essa pessoa devia carregar a sua cruz enquanto percorria toda a cidade, passando por seu centro e pelas multidões, com aquela cruz, como um ato de admissão pública que estava caminhando para sua morte.

Jesus diz em Mateus 10.32 que: “Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante do meu Pai que está nos céus.”

De forma literal, renunciar nossas vidas e carregar nossa cruz é confessar diante de todo o mundo que não vivemos mais para nós mesmos, mas que nossa vida tem como base a pessoa de Jesus.

Não é possível ser um cristão oculto! Fomos chamados para expor a todos o estilo de vida que vivemos, sem medo, sem vergonha, com toda ousadia e coragem.

Paulo em certo momento fala o seguinte para Timóteo: “Suporte comigo os sofrimentos, como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, já que deseja agradar aquele que o alistou.” (2 Tm 2.3-4)

Uma pessoa que se torna militar passa a ter uma vida totalmente dedicada para esse serviço. Sua vida e vontade civil não existem mais, ela morre para tudo e passa a viver totalmente para as obrigações militares e para o agrado de seus superiores. Paulo entende que na vida cristã não deveria ser diferente, já que desejamos ter um estilo de vida que busca agradar a nosso Deus.

Infelizmente a maioria de nós faz exatamente ao contrário. Ocupamo-nos com os “negócios da vida civil” e ocasionalmente entramos na batalha cristã, numa vida de luta e renúncia. Porém fazemos isso somente quando nos sentimos compelidos ou quando nos é oportuno. Estar em um estilo de vida “civil” se tornou aceitável.

Muitas pessoas fogem do discipulado bíblico porque é confrontante, não agrada nosso ego, ele não é um estilo de vida atrativo. Mas é dessa maneira que Cristo tratou seus discípulos, os que vieram a se tornar as maiores referências da história da Igreja.

Você e eu fomos feitos para mais do que viver a vida da forma que achamos melhor, seguindo os ideais e os padrões desse mundo. Nós fomos chamados para viver a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Fomos escolhidos para ter uma vida santa, separada para nosso Senhor, e para que as pessoas nos reconheçam como verdadeiros discípulos de Jesus Cristo.

Que Deus nos abençoe com essa mensagem. Mesmo que seja um confronto para todos nós, entender isso mudará nossa vida para sempre.

Yan Freitas
Professor do ST Carisma Rio.